31 de outubro de 2006
Ata-contraponto
Projeto poético – diário
Sergio Fingerman em suas orientações expõe :" não se deve pintar o tema, “mas deixar o pictórico acontecer. A narração como travessia: estar no lugar e não na coisa contada, assim como na pintura. Deixar o tempo acumulado, o caminho, o percurso, na coerência e compreensão do que a imagem é. A relação desta imagem com a experiência, solicitando um olhar arqueológico, refazendo o processo neste acúmulo de experiências. A narrativa “não linear”, mas no seu devir”.
“Ser imagem” – aquilo que não se mostra. A partir da experiência da sombra, há à ficção, pois é na ilusão que se constrói o teatro. E como teatro ilude, no enunciado subtraído, o tempo que é outro – devemos desconfiar do tema. O tema é artifício”.
“É na ação do tempo que surge a ilusão, a experiência”.
“Entre a pintura e o expectador – o artista deve produzir deslocamentos”.
“A pintura como processo e não como artifício”. Ficar atento ao encantamento que produz o fazer – desejo que embaça o olhar. Vivenciar o fracasso – todo obra é esta travessia, no acúmulo de trajetórias”.
Sergio Fingerman em suas orientações expõe :" não se deve pintar o tema, “mas deixar o pictórico acontecer. A narração como travessia: estar no lugar e não na coisa contada, assim como na pintura. Deixar o tempo acumulado, o caminho, o percurso, na coerência e compreensão do que a imagem é. A relação desta imagem com a experiência, solicitando um olhar arqueológico, refazendo o processo neste acúmulo de experiências. A narrativa “não linear”, mas no seu devir”.
“Ser imagem” – aquilo que não se mostra. A partir da experiência da sombra, há à ficção, pois é na ilusão que se constrói o teatro. E como teatro ilude, no enunciado subtraído, o tempo que é outro – devemos desconfiar do tema. O tema é artifício”.
“É na ação do tempo que surge a ilusão, a experiência”.
“Entre a pintura e o expectador – o artista deve produzir deslocamentos”.
“A pintura como processo e não como artifício”. Ficar atento ao encantamento que produz o fazer – desejo que embaça o olhar. Vivenciar o fracasso – todo obra é esta travessia, no acúmulo de trajetórias”.
28 de outubro de 2006
27 de outubro de 2006
Projeto poético
25.10.06
Comentários sobre o projeto poético:
Sobre o papel branco que contém o azul do céu-
o olhar oblíquo
o olhar distraído
que capta e opera plasticidades, desarmado, experimenta o conhecido como se fosse novo, investiga o que vê a partir apenas da experiência, transforma essa experiência em descobertas de novas plasticidades que possam incorporar estes atributos.
Compartilhar este olhar primeiro, anterior, destituído da palavra numa busca calada, incessante, necessária do humano, na subjetividade que discorre e escorre num tempo lento, sem direção ou com infinitas direções, na contramão do ordinário, criando, desfazendo, refazendo a partir da inquietude, da impossibilidade e de constantes fracassos.
Espelho de nossas imperfeições, de nossa pequena estatura, de nossa poesia.
Projeto poético que se faz no encontro com a plasticidade, na organicidade do desejo.
Inclue a concentração e a solenização do impacto do que está na realidade - naquilo que se pinta ou se representa - o acontecimento plástico se faz nesta inserção.
Olhar desarmado - percebe a contingência do azul no papel
oferece uma experiência para o outro.
20 de outubro de 2006
Concertos
O grupo do Ateliê esteve presente no concerto de Bach por ILYA GRINGOLTS- Violino
em 19.10.2006.
Nascido em 1982 em São Petersburgo, Russia, e dono de extraordinário dom musical, Ilya Grincolts nos presenteou com uma bellissíma interpretação das sonatas e partituras de Bach, e com muita sensibilidade desenvolveu seu discurso melódico.
Exposição Pinacoteca
18/10/2006
Exposição de Luise Weiss e Feres Khoury
Vestígios e reminiscências
O negro, a memória e o tempo, presença decisiva em ambos os trabalhos. O negro traz a luz nas diferentes técnicas, em Luise nas xilogravuras e litografias e, em Feres, nas gravuras de metal.
Exposição de Luise Weiss e Feres Khoury
Vestígios e reminiscências
O negro, a memória e o tempo, presença decisiva em ambos os trabalhos. O negro traz a luz nas diferentes técnicas, em Luise nas xilogravuras e litografias e, em Feres, nas gravuras de metal.
19 de outubro de 2006
Exposição Pinacoteca
León Ferrari
Poéticas e políticas, 1954-2006
" Em sua obra é constante a tensão entre o poético e o político. Entre ambos se define uma zona fronteiriça, onde se encontram a sensualidade e uma violência evidente ou velada. Um dispositivo latente, que se expressa na tensão entre a beleza e a pertubação, ativa a força inesgotável e renovadora que atravessa toda sua obra." Andrea Giunta- curadora.
Ao meu ver uma exposição imperdível. Para mim foi uma surpresa, por não conhecer esse artista, e deparar-me com expressões poéticas e polêmicas em suas criações, explorando a possibilidade dos planos, dos espaços e dos significados dos desenhos, onde esculturas, colagens e objetos se misturam. Nelas emprega metais, tintas, heliografias, nanquim, excrementos ou relevos em brailles. Uma exposição que importa para nós do grupo como formas de expansão do olhar.
13 de outubro de 2006
acantos
acantos
Divagações sobre o tempo
O poeta mato-grossense, Manoel de Barros disse: “ dentro do corpo de cada molusco mora um matemático invisível. Jogando o jogo-do-bocó, que aprenderam no “livro sobre o nada”, também de sua autoria. E eu, preocupada com o tempo, digo: “os caramujos, as conchas e todos os seres que habitam os oceanos, me causam transtornos metafísicos, eles me fazem pensar sobre o mistério do universo. Acho, por exemplo, que as conchas são seres vaidosos, com suas vestes coloridas e excêntricas.
Elas se vestem de areia colorida, de várias.... várias tonalidades, atualizadas no tempo e no espaço; misturam ocre ao açafrão, do azul anil ao lilás de cetim, do amarelo as pintas de gris de payne, sem nenhuma cerimônia, e por isso além de serem matemáticos, como disse o poeta, são matemáticos e artistas, felizes em tecer de mil maneiras suas formas de ar e plumas.
JGS
29.4.03
Divagações sobre o tempo
O poeta mato-grossense, Manoel de Barros disse: “ dentro do corpo de cada molusco mora um matemático invisível. Jogando o jogo-do-bocó, que aprenderam no “livro sobre o nada”, também de sua autoria. E eu, preocupada com o tempo, digo: “os caramujos, as conchas e todos os seres que habitam os oceanos, me causam transtornos metafísicos, eles me fazem pensar sobre o mistério do universo. Acho, por exemplo, que as conchas são seres vaidosos, com suas vestes coloridas e excêntricas.
Elas se vestem de areia colorida, de várias.... várias tonalidades, atualizadas no tempo e no espaço; misturam ocre ao açafrão, do azul anil ao lilás de cetim, do amarelo as pintas de gris de payne, sem nenhuma cerimônia, e por isso além de serem matemáticos, como disse o poeta, são matemáticos e artistas, felizes em tecer de mil maneiras suas formas de ar e plumas.
JGS
29.4.03
7 de outubro de 2006
" Na pintura, conseque-se a representãção do tempo, dos breves fragmentos do tempo, onde conta-se uma história.
O gesto, a cor, o pincel, a luz e a sombra: indícios do que temos para abrir-se nesta contrução.
A poética se faz desta distância do objeto. Da solidão em se pintar, do olho que lê e transfigura a própria representação "
Sergio Fingermann
( anotações de aulas teóricas - 3/08/04)
5 de outubro de 2006
Comentários Anete
Ata-contraponto comenta:
“Uma vista breve de campo, por cima de um muro dos arredores, liberta-me mais completamente do que uma viagem inteira libertaria outro. Todo ponto de visão é um ápice de uma pirâmide invertida, cuja base é indeterminável.” Fernando Pessoa em “ Livro do Desassossego “
Ata- contraponto comenta:
Outubro/ 04/ 06
Conversamos hoje no ateliê sobre a proposta de buscar textos, músicas, imagens, filmes, cheiros, memórias, que nos ajudem a aprofundar nossas buscas.
Encontrei este texto do Fernando Pessoa, e senti uma imediata sintonia, relacionada a questão da distância que permeia minhas buscas.
Compartilho com vocês.
Ata-contraponto comenta:
Queremos nos propor a criar 8 perguntas que possam orientar uma nova série de encontros com artistas.
Questões para orientar o olhar.
- a poética
- os temas
- as afinidades,
- os contrastes,
- as referências
- os agrupamentos
- o território / a topologia
- a imagem e a emergência
E incluir uma 9 ª questão: “ em que momento se faz o ver”
- na inquietude e quietudes
- nas pausas e silêncios
- nos sucessivos fracassos
Ata-contraponto comenta:
“Uma vista breve de campo, por cima de um muro dos arredores, liberta-me mais completamente do que uma viagem inteira libertaria outro. Todo ponto de visão é um ápice de uma pirâmide invertida, cuja base é indeterminável.” Fernando Pessoa em “ Livro do Desassossego “
Ata- contraponto comenta:
Outubro/ 04/ 06
Conversamos hoje no ateliê sobre a proposta de buscar textos, músicas, imagens, filmes, cheiros, memórias, que nos ajudem a aprofundar nossas buscas.
Encontrei este texto do Fernando Pessoa, e senti uma imediata sintonia, relacionada a questão da distância que permeia minhas buscas.
Compartilho com vocês.
Ata-contraponto comenta:
Queremos nos propor a criar 8 perguntas que possam orientar uma nova série de encontros com artistas.
Questões para orientar o olhar.
- a poética
- os temas
- as afinidades,
- os contrastes,
- as referências
- os agrupamentos
- o território / a topologia
- a imagem e a emergência
E incluir uma 9 ª questão: “ em que momento se faz o ver”
- na inquietude e quietudes
- nas pausas e silêncios
- nos sucessivos fracassos
4 de outubro de 2006
Reflexão
Procurando ampliar nossa discussão sobre “o que é arte” dentro da possibilidade de buscar o “foco”, como nos alerta Sergio Fingernann, seja nas exposições teóricas sobre o assunto, seja em nosso trabalho artístico ; dizendo ele que : “toda arte é uma forma de verdade”, e verdade esta que corresponde a individualidade que cada um conquista em seu trabalho.
E, se toda busca está inserida na maneira singular de ver as coisas, onde anexamos territórios, por vezes já explorados, e por vezes ainda a serem ditos, lembrei-me de um trecho do Livro do Saramago ( Manual da Pintura e Caligrafia), indicado por Sergio a um tempo atrás, que ao meu ver reforça a idéia desta busca de identidade que nos acompanha o fazer na arte, onde ele diz: .
“ A tela branca, lisa, ainda, sem preparo, é uma certidão de nascimento por preencher, onde eu julgo ( amanuense de registro civil sem arquivo) que poderei escrever datas novas e filiações diferentes que me tirem, de vez, ou ao menos por uma hora, desta incongruência de não nascer. Molho o pincel e aproximo-o da tela, dividido entre a segurança das regras aprendidas no manual e a hesitação do que irei escolher para ser”.
Portanto, manter o” foco” e não a “dispersão” é encontrar-se nesta identidade, onde nascem as dúvidas, as incertezas, e um tentar que acrescenta uma reflexão: qual é a verdade de uma pintura?.
Juracy Giovagnoli
Agosto 2006
Procurando ampliar nossa discussão sobre “o que é arte” dentro da possibilidade de buscar o “foco”, como nos alerta Sergio Fingernann, seja nas exposições teóricas sobre o assunto, seja em nosso trabalho artístico ; dizendo ele que : “toda arte é uma forma de verdade”, e verdade esta que corresponde a individualidade que cada um conquista em seu trabalho.
E, se toda busca está inserida na maneira singular de ver as coisas, onde anexamos territórios, por vezes já explorados, e por vezes ainda a serem ditos, lembrei-me de um trecho do Livro do Saramago ( Manual da Pintura e Caligrafia), indicado por Sergio a um tempo atrás, que ao meu ver reforça a idéia desta busca de identidade que nos acompanha o fazer na arte, onde ele diz: .
“ A tela branca, lisa, ainda, sem preparo, é uma certidão de nascimento por preencher, onde eu julgo ( amanuense de registro civil sem arquivo) que poderei escrever datas novas e filiações diferentes que me tirem, de vez, ou ao menos por uma hora, desta incongruência de não nascer. Molho o pincel e aproximo-o da tela, dividido entre a segurança das regras aprendidas no manual e a hesitação do que irei escolher para ser”.
Portanto, manter o” foco” e não a “dispersão” é encontrar-se nesta identidade, onde nascem as dúvidas, as incertezas, e um tentar que acrescenta uma reflexão: qual é a verdade de uma pintura?.
Juracy Giovagnoli
Agosto 2006
Anete Ring
A narrativa se produz através de sucessivas camadas, cada qual produzida com grande esgarçamento, sempre deixando claros os vestígios das anteriores, sem embaçar.
Sobre a cor quente, a cor fria: sobre a opacidade, a transparência. Incessantes diálogos que revelam as insuficiências e as impossibilidades de gerar a expressão através de um único ato heróico .
São as sucessivas tentativas e fracassos que expõe o que é inerente a arte, a temporalidade; o seu aspecto ilusório, incompleto, onde há espaço para a interlocução, onde há certezas, território impalpável e construído do silêncio e das pausas. ( estas palavras referem-se a pensamentos surgidos em diversas sessões, pensamentos trazidos por Sérgio Fingerman e discutidos com o conjunto dos participantes do ateliê).
Comentário sobre a Narrativa na pintura
A narrativa se produz através de sucessivas camadas, cada qual produzida com grande esgarçamento, sempre deixando claros os vestígios das anteriores, sem embaçar.
Sobre a cor quente, a cor fria: sobre a opacidade, a transparência. Incessantes diálogos que revelam as insuficiências e as impossibilidades de gerar a expressão através de um único ato heróico .
São as sucessivas tentativas e fracassos que expõe o que é inerente a arte, a temporalidade; o seu aspecto ilusório, incompleto, onde há espaço para a interlocução, onde há certezas, território impalpável e construído do silêncio e das pausas. ( estas palavras referem-se a pensamentos surgidos em diversas sessões, pensamentos trazidos por Sérgio Fingerman e discutidos com o conjunto dos participantes do ateliê).
Comentário sobre a Narrativa na pintura
Palestra Cristiano Mascaro e Sergio Fingermann
12 de Setembro 06
Sergio Fingermann: “ O conjunto das fotografias de Cristiano Mascaro, nos faz ver o olhar do pensamento. Cada fotografia nos propõe uma intensificação de sua relação com os outros e com o mundo.
É uma busca ( no – do) imediato.
Contemplam-nos com um saber que se revela nessa proximidade. É um saber que não pode ser reduzido à significados, mas que nos faz atravessar, nos movermos, mais além da significação.
Se não atravessarmos a aparência das coisas permaneceremos prisioneiros da evidencia fácil, isto é, a realidade imediata.”
..............................................................................................................................................................
Luz e Sombra
Algumas questões
Até agora acreditou-se ver mais as luzes do que as sombras.
O jogo das duas trabalha reminiscências.
O jogo das duas trama o tecido da memória.
O jogo das duas constrói os esquecimentos e alguns esclarecimentos.
Esse jogo produz uma realidade frágil e preciosa que chamamos imagem.
Esse jogo é ponte para um sonhar.
De onde vem o mistério?
A fotografia, assim como a pintura, nos conduz a ver um outro mundo.
Descortinam-se possibilidades para o estranho, os assombros, as impossibilidades, as insignificâncias.
Território de ilusões.
Lá, as coisas e pessoas estão imobilizadas em estado de atenção.
Lá, aquilo que se representa está destinado a um olhar.
Lá, as luzes duplicam, multiplicam as sombras, fazendo, numa espécie de mágica, as coisas parecerem mais densas e mais concretas do que elas mesmas.
Lá, pode-se brincar com as três dimensões em duas.
O fotógrafo, assim como o pintor, deseja ser um olhar e uma ação.
Que inteligência liga sua visão ao mundo?
Com quais artifícios, com qual teatralidade capta os sinais de uma vida?
Silêncio.
É preciso se evitar barulhos.
É preciso que se evitem também os barulhos das palavras, que muitas vezes vêm ocupar o lugar do olhar.
( Em relação à luz, as palavras são sombras)
É preciso se preservar uma certa autonomia da representação visual, fazendo-se assim preservar o lugar do visível, desviando-se das artimanhas e dos artifícios do discurso.
É preciso um saber olhar para captar e desfrutar das sensações semelhantes que surgem com e das imagens. É preciso ainda fazer, no engano que elas carregam, nos seus equívocos, a construção de nossos falsos e frágeis entendimentos.
Se as palavras são sombras, em que língua é possível dizer o que nos acontece?
As luzes e as sombras fazem ver o sensível na imagem.
Fazem ver o sensível da imagem.
Fazem ver as qualidades expressivas da coisa representada.
Toma os objetos sensíveis à visão.
Todo pintor, assim como todo fotógrafo, sabe que qualquer objeto possui sua própria dignidade e cabe ao artista restituí-la. Todo acontecimento é solene.
Às vezes, as luzes brincam, trocam a natureza das coisas. Às vezes trocam seus lugares. Mesclam, investem, mudam o lugar natural delas.
A luz interpreta mística ou esteticamente a percepção.
Às vezes, com a luz, temos a força de uma evidência.
A luz parece pensamento.
O claro-escuro dá às regras, as condições para o jogo das imagens.
Com este jogo, o fotógrafo, o pintor consegue imitar a aparência das cores. Todos nós já vimos que em certos dias, de muita claridade, pelas manhãs em geral, sob a luz, as formas, as sombras se retraem. Quando o sol está a pino elas são como que engolidas pelo chão. E à tarde, já se aproximando do fim do dia, as sombras crescem, dissolvendo-se na noite, seguindo os seus passos.
Os mais inquietos se questionam:
Será a noite a soma de todas as sombras?
Será que o tempo não tem perdas?
Será que uma mesma luz iluminava outros tempos?
Vejo ou me lembro?
Quando tomo consciência disso percebo que outras lembranças se interpõem no momento mesmo que estou vendo alguma coisa.
É comum ver o que se sabe.
Mas às vezes, outras memórias nos assombram...
Outras memórias vêm nos lembrar e se interpõem, dificultando ver o que surge, o que está diante de nós.
Ver pode ser uma experiência de encantamento.
Ver pode ser uma alegria intelectual.
Novamente o silêncio:
Olhar é uma experiência solitária.
Devemos enfrentar as seduções dos objetos sem auxílios.
Suportar as incertezas.
Suportar seu discurso só pode ser dito na sua própria língua ( da fotografia, da pintura).
O seu silêncio é feito de signos visuais.
Já disseram:
“A pintura é poesia muda”.
A fotografia também o é.
“O discurso sobre a pintura tenta dizer o discurso da pintura, manifestando um discurso na pintura”.
O que tece as representações?
O que nutre seus mistérios?
De que outras vidas a fotografia e a pintura supõe?
De que são feitos os silêncios das fotografias de Cristiano Mascaro?
Sergio Fingermann
O debate entre Cristiano Mascaro e Sergio Fingermann: - “ A interpretação das cidades” , foi realizado no Museu da Casa Brasileira. A forma, a composição, a luz e a sombra foram alguns dos temas abordados nesta reflexão.
12 de Setembro 06
Sergio Fingermann: “ O conjunto das fotografias de Cristiano Mascaro, nos faz ver o olhar do pensamento. Cada fotografia nos propõe uma intensificação de sua relação com os outros e com o mundo.
É uma busca ( no – do) imediato.
Contemplam-nos com um saber que se revela nessa proximidade. É um saber que não pode ser reduzido à significados, mas que nos faz atravessar, nos movermos, mais além da significação.
Se não atravessarmos a aparência das coisas permaneceremos prisioneiros da evidencia fácil, isto é, a realidade imediata.”
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Luz e Sombra
Algumas questões
Até agora acreditou-se ver mais as luzes do que as sombras.
O jogo das duas trabalha reminiscências.
O jogo das duas trama o tecido da memória.
O jogo das duas constrói os esquecimentos e alguns esclarecimentos.
Esse jogo produz uma realidade frágil e preciosa que chamamos imagem.
Esse jogo é ponte para um sonhar.
De onde vem o mistério?
A fotografia, assim como a pintura, nos conduz a ver um outro mundo.
Descortinam-se possibilidades para o estranho, os assombros, as impossibilidades, as insignificâncias.
Território de ilusões.
Lá, as coisas e pessoas estão imobilizadas em estado de atenção.
Lá, aquilo que se representa está destinado a um olhar.
Lá, as luzes duplicam, multiplicam as sombras, fazendo, numa espécie de mágica, as coisas parecerem mais densas e mais concretas do que elas mesmas.
Lá, pode-se brincar com as três dimensões em duas.
O fotógrafo, assim como o pintor, deseja ser um olhar e uma ação.
Que inteligência liga sua visão ao mundo?
Com quais artifícios, com qual teatralidade capta os sinais de uma vida?
Silêncio.
É preciso se evitar barulhos.
É preciso que se evitem também os barulhos das palavras, que muitas vezes vêm ocupar o lugar do olhar.
( Em relação à luz, as palavras são sombras)
É preciso se preservar uma certa autonomia da representação visual, fazendo-se assim preservar o lugar do visível, desviando-se das artimanhas e dos artifícios do discurso.
É preciso um saber olhar para captar e desfrutar das sensações semelhantes que surgem com e das imagens. É preciso ainda fazer, no engano que elas carregam, nos seus equívocos, a construção de nossos falsos e frágeis entendimentos.
Se as palavras são sombras, em que língua é possível dizer o que nos acontece?
As luzes e as sombras fazem ver o sensível na imagem.
Fazem ver o sensível da imagem.
Fazem ver as qualidades expressivas da coisa representada.
Toma os objetos sensíveis à visão.
Todo pintor, assim como todo fotógrafo, sabe que qualquer objeto possui sua própria dignidade e cabe ao artista restituí-la. Todo acontecimento é solene.
Às vezes, as luzes brincam, trocam a natureza das coisas. Às vezes trocam seus lugares. Mesclam, investem, mudam o lugar natural delas.
A luz interpreta mística ou esteticamente a percepção.
Às vezes, com a luz, temos a força de uma evidência.
A luz parece pensamento.
O claro-escuro dá às regras, as condições para o jogo das imagens.
Com este jogo, o fotógrafo, o pintor consegue imitar a aparência das cores. Todos nós já vimos que em certos dias, de muita claridade, pelas manhãs em geral, sob a luz, as formas, as sombras se retraem. Quando o sol está a pino elas são como que engolidas pelo chão. E à tarde, já se aproximando do fim do dia, as sombras crescem, dissolvendo-se na noite, seguindo os seus passos.
Os mais inquietos se questionam:
Será a noite a soma de todas as sombras?
Será que o tempo não tem perdas?
Será que uma mesma luz iluminava outros tempos?
Vejo ou me lembro?
Quando tomo consciência disso percebo que outras lembranças se interpõem no momento mesmo que estou vendo alguma coisa.
É comum ver o que se sabe.
Mas às vezes, outras memórias nos assombram...
Outras memórias vêm nos lembrar e se interpõem, dificultando ver o que surge, o que está diante de nós.
Ver pode ser uma experiência de encantamento.
Ver pode ser uma alegria intelectual.
Novamente o silêncio:
Olhar é uma experiência solitária.
Devemos enfrentar as seduções dos objetos sem auxílios.
Suportar as incertezas.
Suportar seu discurso só pode ser dito na sua própria língua ( da fotografia, da pintura).
O seu silêncio é feito de signos visuais.
Já disseram:
“A pintura é poesia muda”.
A fotografia também o é.
“O discurso sobre a pintura tenta dizer o discurso da pintura, manifestando um discurso na pintura”.
O que tece as representações?
O que nutre seus mistérios?
De que outras vidas a fotografia e a pintura supõe?
De que são feitos os silêncios das fotografias de Cristiano Mascaro?
Sergio Fingermann
O debate entre Cristiano Mascaro e Sergio Fingermann: - “ A interpretação das cidades” , foi realizado no Museu da Casa Brasileira. A forma, a composição, a luz e a sombra foram alguns dos temas abordados nesta reflexão.
Agosto06
Ata –
Referencia: Assistir o filme Estamira
Exposição do Banco Real na Av. Paulista
Exposição “ Pinceladas “ no Instituto Tomie Otake até 24 de setembro
“Narrativa na pintura: é sempre uma questão metafísica e deve sofrer tensões, o esgarçamento das camadas.
A cor precisa ter sessões anteriores – o pintar como experiência de territórios ( não entupir a pintura).
“ Até a noite contêm claridade” -
O mais escuro no trabalho é inominável. Sempre é aquilo que não se mostra e não se esclarece.
Procurar a distância que promove a solidão, os caminhos que interagem neste processo.
O escuro não se mostra.”
Aula proferida por Sergio Fingermann
Ata –
Referencia: Assistir o filme Estamira
Exposição do Banco Real na Av. Paulista
Exposição “ Pinceladas “ no Instituto Tomie Otake até 24 de setembro
“Narrativa na pintura: é sempre uma questão metafísica e deve sofrer tensões, o esgarçamento das camadas.
A cor precisa ter sessões anteriores – o pintar como experiência de territórios ( não entupir a pintura).
“ Até a noite contêm claridade” -
O mais escuro no trabalho é inominável. Sempre é aquilo que não se mostra e não se esclarece.
Procurar a distância que promove a solidão, os caminhos que interagem neste processo.
O escuro não se mostra.”
Aula proferida por Sergio Fingermann
Ata
Contribuições para a formalização do olhar
Contextualizar:
- aprofundamento do processo de arte
- foco e não dispersão do tema abordado nos trabalhos
- Exposições: saber que deve conter uma explicação da tese do curador e ter um olhar observador para perceber se ela é verdadeira e respeita o fio condutor
- Definição do que é arte- se ela contêm num primeiro momento a sua expressão espontânea e num segundo momento o fenômeno plástico como conseqüência desta expressão para atingir a sua humanidade como obra em seu conteúdo.
- A diferença entre grafite e pixação. Sendo o grafite um fenômeno sociológico plástico e a pixação uma transgressão.
- Questionamento da apropriação que as galerias fazem atualmente sobre esta finalidade de arte, ou seja do grafite.
- Proposta de criar a educação do olhar: localizar o assunto nos trabalhos – procurar método .
- Fazer uma junção posterior em “ capítulos “ – pensar a temática em função da educação do olhar.
- Refletir posteriormente no conjunto destas falas.
Aula proferida por Sergio Fingermamm em 23 de agosto de 2006
Contribuições para a formalização do olhar
Contextualizar:
- aprofundamento do processo de arte
- foco e não dispersão do tema abordado nos trabalhos
- Exposições: saber que deve conter uma explicação da tese do curador e ter um olhar observador para perceber se ela é verdadeira e respeita o fio condutor
- Definição do que é arte- se ela contêm num primeiro momento a sua expressão espontânea e num segundo momento o fenômeno plástico como conseqüência desta expressão para atingir a sua humanidade como obra em seu conteúdo.
- A diferença entre grafite e pixação. Sendo o grafite um fenômeno sociológico plástico e a pixação uma transgressão.
- Questionamento da apropriação que as galerias fazem atualmente sobre esta finalidade de arte, ou seja do grafite.
- Proposta de criar a educação do olhar: localizar o assunto nos trabalhos – procurar método .
- Fazer uma junção posterior em “ capítulos “ – pensar a temática em função da educação do olhar.
- Refletir posteriormente no conjunto destas falas.
Aula proferida por Sergio Fingermamm em 23 de agosto de 2006
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