4 de outubro de 2006

Reflexão

Procurando ampliar nossa discussão sobre “o que é arte” dentro da possibilidade de buscar o “foco”, como nos alerta Sergio Fingernann, seja nas exposições teóricas sobre o assunto, seja em nosso trabalho artístico ; dizendo ele que : “toda arte é uma forma de verdade”, e verdade esta que corresponde a individualidade que cada um conquista em seu trabalho.
E, se toda busca está inserida na maneira singular de ver as coisas, onde anexamos territórios, por vezes já explorados, e por vezes ainda a serem ditos, lembrei-me de um trecho do Livro do Saramago ( Manual da Pintura e Caligrafia), indicado por Sergio a um tempo atrás, que ao meu ver reforça a idéia desta busca de identidade que nos acompanha o fazer na arte, onde ele diz: .

“ A tela branca, lisa, ainda, sem preparo, é uma certidão de nascimento por preencher, onde eu julgo ( amanuense de registro civil sem arquivo) que poderei escrever datas novas e filiações diferentes que me tirem, de vez, ou ao menos por uma hora, desta incongruência de não nascer. Molho o pincel e aproximo-o da tela, dividido entre a segurança das regras aprendidas no manual e a hesitação do que irei escolher para ser”.

Portanto, manter o” foco” e não a “dispersão” é encontrar-se nesta identidade, onde nascem as dúvidas, as incertezas, e um tentar que acrescenta uma reflexão: qual é a verdade de uma pintura?.

Juracy Giovagnoli

Agosto 2006

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